quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Publicidade pode contribuir para a obesidade infantil

Um estudo pioneiro, realizado nos Estados Unidos e publicado recentemente no Journal of Law & Economics, sugere que a publicidade de fast food pode ter um papel crucial para os altos índices da obesidade infantil. A pesquisa é composta por um levantamento governamental que envolve entrevistas pessoais com milhões de famílias, além de informações sobre audiência relacionadas aos comerciais de fast food. Os cálculos estatísticos também levam em conta outras influências, como a renda familiar, o número de restaurantes de fast food existentes na vizinhança e a possibilidade de algumas crianças já apresentarem distúrbios alimentares independentemente de seus hábitos relativos a ver TV.

Os resultados obtidos apontam que se os anúncios fossem definitivamente proibidos, haveria uma redução de 18% no número de crianças de 3 a 11 anos de idade com problemas de obesidade ou acima do peso normal. Para os adolescentes de 12 a 18 anos, esse número seria reduzido em 14%. No entanto, os pesquisadores não defendem a proibição desse tipo de publicidade, pois afirmam que muitas pessoas consomem esses produtos moderadamente, sem prejuízos à saúde.

Um outro trabalho realizado na Universidade de Illinois (EUA) descobriu que os comerciais de fast food representam 23% dos anúncios do mercado de alimentos vistos por crianças na TV. A porcentagem de crianças americanas acima do peso ou obesas cresceu consideravelmente nos últimos 25 anos.

No Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer restringir a publicidade de alimentos infantis. Dados divulgados no ano passado, de uma pesquisa realizada com 816 famílias que têm filhos de sete a 14 anos, relacionou a obesidade das crianças à quantidade de propaganda de alimentos ricos em gordura, açúcar, sal e óleo, veiculadas na TV. A pesquisa, feita pela Universidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mostrou que 27% da propaganda exibida na época vendia alimentos. Desse total, 57% eram de produtos como refrigerantes, chocolates, bolachas recheadas e salgadinhos. Das crianças participantes do estudo, 24% tinham sobrepeso ou obesidade, e a maioria comia muitos alimentos gordurosos ou com alto índice de açúcar.

Uma criança é considerada obesa quando possui 20% a mais do peso considerado ideal para a sua idade. Hoje, a obesidade infantil atinge cerca de 15% das crianças brasileiras e é considerado um problema de saúde pública. No mundo, a epidemia registra maior ocorrência em países ricos e industrializados.

Veja o site da Anvisa www.anvisa.gov.br

2PRÓ Comunicação
Publicado em: http://www.alana.org.br (03/12/2008)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jantar prático!

Gostei bastante da última postagem do blog Vitaminado, da Marcia Daskal. Ela dá dicas de preparações rápidas e práticas, para quem não tem tempo e nem disposição de ficar cozinhando depois de um dia inteiro de trabalho.

Super-hiper-mega útil, e importante!

Uma grande questão no consultório é a de como lidar com a falta de tempo, com a correria, com o cansaço... e como comer de forma saudável no meio de tudo isso!! As pessoas, em seu ritmo de vida alucinante, acabam por escolher alimentos práticos e de rápido preparo. Chegam em casa exaustas, e é mais provável que belisquem o que tiver mais à mão. Preparar uma refeição, nem pensar!

Como fazer, então? Continuar beliscando?

A resposta é o PLANEJAMENTO.

Se sabemos que, naquele momento do dia, não vamos, de forma alguma, cozinhar algo que seja demorado e complicado, deixemos o nosso jantar semi-pronto! Planejemos com antecedência, para que não precisemos decidir nada no momento em que chegamos em casa.

Já está decidido, e mais, já está quase pronto!

Chequem as dicas da Márcia:

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Tratamento da obesidade: considerações.



a) A obesidade não é transtorno psiquiátrico, nem "perder peso" é comportamento.

b) Tratamento: mudança de comportamento é necessidade absoluta no manejo da condição de obesidade, sobretudo no que diz respeito aos comportamentos que influenciam a ingestão de nutrientes e o consumo calórico. Esses padrões comportamentais e seus determinantes são surpreendentemente complexos e individualizados.

c) O objetivo do tratamento é o manejo, em vez da cura. Isto requer intervenção a longo prazo, que leve em consideração as características e circunstanciais do paciente individual.

d) O foco deve ser colocado na mudança do estilo de vida - desenvolver padrões regulares e duradouros de comportamento que sustentem a consecução e a manutenção de um peso mais baixo, a despeito das influências genéticas, interpessoais e ambientais.

e) A abordagem presume (1) mudança a longo prazo; (2) ênfase na manutenção do peso, e não em sua perda; (3) transferir a atenção do paciente da mudança de peso para um alvo mais controlável, que é a mudança de comportamento.

f) A obesidade é um transtorno heterogêneo, sendo provável que diferentes tratamentos sejam efetivos para diferentes indivíduos. Por isso a importância de se desenvolver critérios que se adaptem às necessidades dos indivíduos, ao invés de procurar determinar a melhor abordagem, isto é, aquela que é a melhor para todos os indivíduos obesos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Quem são as crianças que se sentem gordas apesar de terem peso adequado?


As crianças aprendem cedo, nas famílias e meio social, a valorizar o corpo magro. Cabe a nós nos debruçarmos de forma séria sobre tal questão, nos questionarmos as causas da força que tem essa valorização, e compreendermos melhor como ela se instaura de maneira tão central na representação que o indivíduo tem de si mesmo, desde a infância.

Que fatores estão associados a uma insatisfação com o peso em crianças de 8 a 11 anos que, apesar de terem peso normal, acham-se gordas?

Foi esta a questão que as pesquisadoras Andréa Poyastro Pinheiro e Elsa Regina Justo Giugliani tentaram abordar em um estudo transversal com 901 escolares residentes em Porto Alegre. As crianças tiveram peso e altura aferidos e responderam um questionário com escala de auto-estima, autopercepção do peso e percepção da expectativa dos pais e amigos em relação a seu peso.

A análise dos resultados revelou que os escolares sem sobrepeso que se achavam gordos com mais freqüência eram do sexo feminino, tinham 11 anos de idade, maior IMC, menor auto-estima e tinham a percepção de que os pais e os amigos gostariam que eles fossem mais magros.

A variável que se mostrou mais fortemente associada a sentir-se gordo entre as crianças sem sobrepeso foi a percepção da expectativa dos pais em relação ao peso da criança. Crianças que achavam que os seus pais preferiam que elas fossem mais magras tiveram uma chance três vezes maior de se sentir gordas. Esse achado corrobora a idéia de que, até os primeiros anos da adolescência, os pais exercem grande influência na aparência e no estilo de seus filhos. Por outro lado, é possível que a percepção da expectativa dos pais em relação ao peso da criança esteja distorcida e amplificada em razão da própria imagem corporal negativa que a criança apresenta de si mesma. Outro aspecto a ser considerado é a questão do modelo que os pais representam para os filhos. Estariam essas crianças refletindo a imagem corporal negativa não de si mesmas, mas de seus pais? Alguns estudos sugerem que existe correlação entre preocupações a respeito do próprio peso por parte dos pais e problemas de estima corporal e preocupação com o peso nos filhos.

J Pediatr (Rio J). 2006;82(3):232-5

Quem são as crianças que se sentem gordas apesar de terem peso adequado?
Andréa Poyastro Pinheiro, Elsa Regina Justo Giugliani


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Millôr


Gastronomia
é comer olhando pro céu.

domingo, 2 de novembro de 2008

Como avaliar o diário alimentar?


Patrícia enviou um e-mail que me deixou bastante satisfeita: ela tem preenchido um diário alimentar e gostaria de ter algumas dicas de como avaliá-lo. Perfeito! Questão de quem está engajada de verdade, de dentro para fora.

Vou listar aqui alguns parâmetros que utilizo, OK?

1. Quando se come, ou seja, o padrão temporal da alimentação.

Perguntar-se:

faço as refeições principais?
faço lanches programados entre as refeições?
belisco entre as refeições?
fico muito tempo sem comer?
pulo refeições?
meu padrão se mantém ou muda dependendo do dia?
em que momentos do dia tenho maior propensão de ter um episódio de compulsão alimentar?

2. Quanto se come.

Perguntar-se:

qual o tamanho das minhas porções?
eu repito o prato?
como tudo o que há no prato?

3. O que se come.

Perguntar-se:

quais alimentos e bebidas mais contribuem para as calorias consumidas?
tenho consciência das diferentes quantidades calóricas dos diversos alimentos?
quais aspectos do comer percebi como excessivos?
evito algum tipo de alimento?
como de forma variada?

4. Onde se come.

Perguntar-se:

costumo comer em lugares que não são nem a cozinha, nem a sala de jantar?
como assistindo TV?
como enquanto faço outras atividades?

5. Outras questões.

Perguntar-se:

tenho compulsões?
sinto falta de controle ao comer?
como quando estou cansado? - isso se percebe quando se faz uma coluna do diário relativa aos pensamentos e sentimentos relacionados ao comer.

Enfim, são algumas idéias.

Espero ter ajudado, Patrícia!

domingo, 26 de outubro de 2008

Obesidade associada a Transtorno Alimentar

Das pessoas com obesidade que buscam tratamento, por volta de 30% são diagnosticadas com Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. Na população em geral, a porcentagem está entre 2 a 5%.

O critério de diagnóstico para Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) proposto pelo DSM-IV (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) é o seguinte:

a. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes critérios:
1. ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares;
2. um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come).
b. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
1. comer muito e mais rapidamente do que o normal;
2. comer até sentir-se incomodamente repleto;
3. comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4. comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
5. sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
c. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.
d. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses.
e. A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.

Em relação a indivíduos obesos sem TCAP, aqueles que possuem tal diagnóstico geralmente apresentam:

- atitudes mais disfuncionais relacionadas à alimentação e ao peso, além de extrema preocupação e insatisfação com o peso e forma corporal.
- maiores níveis de impulsividade, ansiedade, isolamento social e maior vulnerabilidade à depressão. Pior qualidade de vida e pior auto-estima. Geralmente, sintomas associados melhoram com a melhora do problema alimentar.
- Pior resposta aos tratamentos para emagrecer (há estudos demonstrando que isso ocorre geralmente quando se considera um transtorno afetivo concomitante), maior número de tentativas mal sucedidas de adesão à dietas, maior dificuldade em perder peso, pior manutenção do peso perdido e maior taxa de abandono do tratamento.

sábado, 11 de outubro de 2008

Avaliação psicológica pré-cirúrgica dos candidatos à cirurgia bariátrica: considerações.

Muitos pacientes chegam cheios de resistência ao consultório do psicólogo: decididos a fazer a cirurgia da obesidade e encaminhados pelo cirurgião, temem qualquer impedimento que possa surgir durante a entrevista, qualquer veto. Dá para compreender. Essa não é, de jeito algum, uma decisão fácil. No mínimo a pessoa carrega, em incontáveis expectativas, emoções difíceis de elaborar. Para muitos, a gastroplastia é a luz no fim do túnel; é, finalmente, uma oportunidade de renascer.

A primeira coisa a ser considerada é a postura do psicólogo. Mais do que nunca se faz necessária a capacidade de compreender o paciente a partir de sua própria perspectiva, a aceitação, o acolhimento, a compreensão dos próprios preconceitos. Há trabalhos interessantíssimos sobre a determinância que tem tal postura do profissional no sucesso do tratamento de obesos, seja daqueles que vêm em busca de acompanhamento clínico para emagrecer ou daqueles que são caso de cirurgia.

A história do paciente é investigada, contada por ele. Em particular, as questões relacionadas ao peso, às tentativas anteriores de emagrecimento, a relação com seu corpo, com os outros, enfim... Falamos aqui de um levantamento de dados e, muito além disso, de um processo narrativo que ajuda a ressignificar, integrar, relacionar...

Cabe dizer que não é incomum haver um desejo tão grande de emagrecer que a questão da saúde acaba ficando, digamos assim, em segundo plano. Para o paciente parece ser óbvio que ele terá atenção com sua saúde após a cirurgia. Mas não é tão óbvio assim. Umas das expectativas que pacientes relatam é, por incrível que possa parecer, "a de não ter mais que se preocupar com o que comer, com dieta". Fazem a cirurgia, começam a emagrecer, deixam o cuidado com a alimentação saudável "para mais tarde". Afinal, prestar tanta atenção no que deve, no que não deve comer, tornou-se por demais aversivo durante tantas tentativas anteriores fracassadas. Ao se ver emagrecendo, foca-se em "curtir" a novidade.

É sabido que a cirurgia bariátrica afeta o paciente de diversas formas. Ele precisa:

  • ser capaz de lidar com as restrições iniciais na dieta,
  • acostumar-se a novos hábitos alimentares que deverão ser incorporados de forma definitiva,
  • lidar com novas sensações e experiências corporais,
  • adequar-se à mudança de sua imagem corporal,
  • adquirir novos comportamentos de cuidado de si,
  • lidar com novas cognições e sentimentos,
  • adequar-se a um diferente estilo de vida,
  • lidar com mudanças inesperadas e significativas nos relacionamentos pessoais que costumam ocorrer com certa freqüência após emagrecimento importante.
Como o paciente lidará com tudo isso? Tem ele recursos psicológicos para dar conta de tantas mudanças?

Basicamente, na avaliação pré-cirúrgica, o papel do psicólogo será o de identificar os fatores de risco psicossociais vinculados à realização da cirurgia, como a presença de alguma psicopatologia ou de atitudes e comportamentos que sabidamente complicariam o ajustamento pós-operatório. A partir de tal avaliação, vai fazer recomendações ao paciente e à equipe visando alcançar os melhores resultados possíveis com o procedimento, a curto, médio e a longo prazo. O psicólogo vai também auxiliar o paciente quanto à compreensão de todos os aspectos decorrentes do pré e do pós-cirúrgico; vai ajudá-lo a tomar decisões mais conscientes e de acordo com seu caso particular.

O psicólogo irá avaliar, na entrevista com o paciente:

  • o senso de identidade,
  • a estabilidade emocional/humor,
  • a habilidade para compreender o risco da cirurgia e para dar seu consentimento de forma responsável,
  • as estratégias comportamentais que possui em seu repertório para lidar com situações diversas e difíceis,
  • a disposição a aceitar o suporte necessário,
  • a resiliência, ou seja, sua capacidade (psicológica) de suportar o trauma cirúrgico e de lidar de forma positiva com os diversos estressores e ajustamentos associados às mudanças de estilo de vida após a cirurgia,
  • a motivação e
  • o compromisso de seguir com os cuidados de longo termo, aprender novas habilidades e aderir a um programa de estilo de vida saudável, que inclui tomar decisões acertadas em relação ao cuidado de si e à necessidade de colocar limites.
Ou seja, avaliação psicológica implica abordagem multifacetada, isto é, a abordagem da questão nas perspectivas comportamental, cognitiva e emocional, de desenvolvimento, da situação atual de vida, da motivação e das expectativas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"Não se engesse!"


Posto aqui dois trechinhos de um post que li num blog de nome super-criativo:

"Mini Size Us - Emagrecendo Juntos". (http://minisizeus.com/). O blog é do casal Jana e Fábio.

Adorei!

Nesse post, Jana escreve sobre auto-estima e emagrecimento:

“Eu acredito que a auto-estima deve ser trabalhada todos os dias e que aos poucos aprendemos a nos conhecer melhor e a entender nossos pontos fortes, sem nos esquecermos que podemos trabalhar os pontos mais fracos também, em vez de nos acostumarmos a eles. O que é mais viável? Esperar ou começar agora a viver?”

(...)

“Não podemos esquecer que aprimorar-se é um processo e é contínuo. Só deixaremos de nos movimentar, de aprender, de nos relacionar com o outro ao deixarmos este mundo, mas até lá temos muito a trazer para nossa vida e nunca devemos perder a noção de que não somos seres prontos. Estamos em constante transformação.”

Ou seja, frente à multiplicidade de quem somos, é estar "engessado" depender de apenas um fator (a aparência, no caso), para gostarmos de nós mesmos e acharmos que temos valor. Fator central mantenedor dos transtornos alimentares, inclusive, é a avaliação de si quase que exclusivamente baseada na aparência, na forma e no peso do corpo.

Falei hoje mesmo com uma paciente que podíamos usar a metáfora do condicionamento físico para as questões psicológicas, também. Ou seja: quem está muito sedentário fisicamente, cansa-se muito facilmente com qualquer esforço. O que fazer? Começar a caminhar, a se mexer, pouco a pouco, de forma constante. Até que “se ganha em condicionamento físico”, e o cansaço é combatido.

Gostar da gente mesmo também depende de uma construção, de um esforço, de insistência em tentar acertar, em uma busca constante. O cansaço emocional e o desânimo podem, tal qual “a falta de condicionamento físico”, ser “combatidos” com AÇÕES e maior flexibilidade no pensamento. Precisamos, portanto, começar a "caminhar", e não esperar o momento propício ou ideal para tomar uma atitude.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Subir ou não na balança... eis a questão!




Ficar controlando o peso, de forma sistemática, ajuda ou dificulta o emagrecimento? Será que ajuda, dando pistas sobre o resultado dos nossos esforços, possibilitando a decisão de manter ou de mudar as estratégias? Será que atrapalha, aumentando as expectativas e a ansiedade, e também a fixação num único indicador de sucesso (o peso)?

Questão difícil.

Por um lado, sabemos que o peso em si não é uma medida muito exata de saúde. Existem outras variáveis, como a localização do excesso de gordura no corpo, por exemplo, que são até mais importantes. Ter uma alimentação saudável e ser ativo é recomendável em qualquer peso, e magreza não é sinônimo de longevidade.

Sabemos, também, que a preocupação exagerada com o peso é central na manutenção dos transtornos alimentares... leva a pessoa a fazer dietas restritivas e a ter comportamentos outros que acabam por atrapalhar a regulação normal do apetite. Subir na balança com muita frequência reforça tal vigilância e controle em relação ao peso.

Por outro lado, não se pode negar o impacto que o excesso de gordura tem na nossa saúde. Prevenir ou tratar a obesidade é fundamental!

Podemos argumentar que não se pesar é uma forma de fugir dos controles aversivos que nos ajudariam a tomar uma decisão a respeito da perda de peso. Não favorecendo a consciência do problema, vamos engordando sem perceber...

Uma pesquisa publicada em 2006 no New England Journal of Medicine mostra que, num período de 1 ano e meio, pacientes que tinham perdido antes disso por volta de 19 kg, quando se pesavam todos os dias, tinham menos chances de engordar 2.3 Kg ou mais. Ou seja, pesar-se de forma regular previne ganho de peso no período de manutenção.

Outra pesquisa, de 2007, no Journal of Consulting and Clinical Psychology, mostra que o hábito de subir na balança diariamente não tem efeitos negativos para a dieta, muito pelo contrário: ajuda a manter a restrição alimentar, diminui a desinibição ligada ao comer e diminui sintomas depressivos.

Ou seja, pesar-se regularmente é bom, mostram as pesquisas e a experiência. Particularmente, porém, não acho tão interessante tornar isso um hábito diário durante a reeducação alimentar do indivíduo e seu processo de emagrecimento. Acredito que isso aumenta, sim, a fixação com o peso. Muita gente fica obcecada com a balança! O peso varia demais, por causa de retenção de líquido, constipação ou uso de diferentes roupas. A tendência de que o indivíduo fique frustrado quando se pesa todos os dias é bastante grande. Aumenta a chance de abandono do tratamento.

Talvez seja interessante o intervalo semanal entre pesagens durante a perda de peso, e o intervalo diário durante a fase de manutenção. Acho que, também, subir na balança uma vez por mês no consultório do médico ou do nutricionista é bastante útil para manter a adesão ao tratamento.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Redescobrindo o prazer em comer


Neste fim de semana eu e meu marido fomos almoçar num lugarzinho novo pra nós. Foi meio sem querer, a escolha. Na verdade, foi totalmente por acaso! Passamos na frente do restaurante; chamou-me a atenção a decoração aconchegante, simples, colorida. Quis xeretar. Diminuí o passo e reparei numa cortininha de crochê colorida e nos garçons com aventais compridos, quadriculados. Fiquei com vontade de entrar. Lugar pequeno, sem barulho, as mesas no capricho. Todas as toalhas de mesa e guardanapos diferentes. Um cheiro gostoso de comida quentinha. No bufê, pratos coloridos, feitos com cuidado e carinho. Dava pra perceber.

Aquele almoço foi uma experiência e tanto. A gente fica tão habituado a comer em restaurantes por quilo, em praças de alimentação de shoppings, ou comidas congeladas em casa, que nos esquecemos que, em se tratando de comida, NÃO É TUDO IGUAL!!!!! Existem variações, preferências, temperos... um jeitinho especial de preparar... uma comidinha caseira... uma refeição cheia de memórias da infância e da cultura em que nascemos.

Nessa vida massificada, como fica o prazer em comer?!?

E você, permite-se ter prazer ao comer? Seus sentidos são engajados em cada refeição, ou você come sem nem perceber? Você come alimentos gostosos, que fazem com que você se sinta bem com seu corpo? Na hora mesmo em que come e também depois?

Imagine-se comendo de uma forma apaixonada, com muito prazer. O que exatamente inclui esse comer prazeroso? Imagine a cena... como seria? Isso varia de pessoa para pessoa, de refeição para refeição. Mas eu acredito que podemos levantar algumas coisas em comum na descrição de um comer com vontade, um comer gostoso e agradável.

Por exemplo, um sorvete de chocolate belga da Haagen Dazs, na casquinha, enquanto exploro uma cidade nova, de férias... hummmm...

Mas, pensando numa refeição de dia-a-dia, de hábito. Como seria, pra você, uma refeição prazerosa?

Tente imaginar a cena em todas as suas particularidades...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Cérebro tem "sexto sentido" para calorias

Achei num artigo de divulgação científica da FAPESP, com esse nome, a idéia intrigante de que existe um valor reforçador dos alimentos mais calóricos vinculado às calorias, e não necessariamente ao gosto doce e apetitoso deste alimento. Quer dizer que reconhecemos as calorias diretamente, e não apenas através do gosto??? Muito interessante. Reproduzo aqui o que li. Mesmo um pouquinho longo, vale a pena ler!

O paladar desempenha um papel importante na busca dos animais por nutrientes, estimulando-os a procurar os alimentos mais calóricos. Mas, mesmo na ausência de qualquer estímulo gustativo, o cérebro é capaz de escolher o alimento com mais calorias, de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos.

Utilizando camundongos geneticamente modificados para perder a capacidade de sentir sabores doces, os cientistas demonstraram que os animais dão preferência ao alimento mais calórico, contrariando uma das explicações mais recorrentes para o consumo exagerado de calorias.

Segundo os autores, o trabalho pode ter importantes implicações para a compreensão de causas da obesidade. Os resultados foram publicados na edição desta quinta-feira (27/3) da revista Neuron, com Ivan de Araújo como primeiro autor. O trabalho contou com a participação de outros brasileiros, entre os quais Miguel Nicolelis, professor titular do Departamento de Neurobiologia da Universidade Duke.


"O estudo sugere que pode ser ineficaz tentar diminuir o consumo de calorias por meio da substituição do alimento por uma versão menos calórica, mas com gosto parecido. Graças aos mecanismos cerebrais que regulam o comportamento ingestivo, a pessoa pode acabar, a longo prazo, preferindo a versão mais calórica", disse Araújo à Agência FAPESP.

De acordo com o cientista, que desde junho de 2007 está no Instituto John B. Pierce, ligado à Universidade Yale, o sistema gustativo provavelmente não existe para dar prazer, mas para ajudar o animal a detectar rapidamente a presença de alimentos calóricos na natureza. Por isso a versão "light" dos alimentos acaba não sendo capaz de ludibriar o cérebro por muito tempo.

"A recompensa não é o sabor, e sim a caloria. Não surpreende que esses mecanismos cerebrais, de alguma forma, priorizem o aspecto nutritivo e, desse modo, não sustentem o consumo de compostos menos calóricos a longo prazo", destacou.

Segundo ele, alguns trabalhos comportamentais já sugeriam que os animais mostravam atração por certos sabores, mas essa atração se potencializava quando os sabores eram combinados com altos teores de calorias.

"Uma das perguntas era se esse mecanismo, independentemente da palatabilidade, influenciaria o animal a consumir o alimento mais calórico. A outra era se os estímulos de recompensa, que respondem fortemente a tudo o que é palatável, responderiam também ao valor nutritivo mesmo na ausência da gustação. Ambas tiveram respostas positivas", disse Araújo.

Preferência pelo açúcar

Para responder como o cérebro e o comportamento respondem à situação de insumo de calorias sem estímulo gustativo, os cientistas recorreram a camundongos transgênicos incapacitados de detectar sabores doces.

"Esses camundongos eram desprovidos do gene que expressa a proteína codificante de um canal iônico presente nas células gustativas da língua. A presença desses canais iônicos é fundamental para a capacidade de os receptores gustativos transmitirem informação sobre os sabores doces para o cérebro", explicou Ivan de Araújo.

Os camundongos puderam escolher entre beber água ou uma solução de água com sacarose. Enquanto os animais normais apresentavam preferência pela água com sacarose, os geneticamente modificados se mostraram indiferentes.

Em seguida, os pesquisadores associaram um dos lados de uma caixa comportamental à presença ou ausência da solução de sacarose. Em um dia a solução era colocada no lado direito e o esquerdo permanecia vazio. No outro dia, água pura era colocada no lado esquerdo e o direito permanecia vazio. E assim por diante.

"Ao longo do tempo, os animais desenvolveram forte preferência pelo lado da caixa que fora associado à sacarose. Apesar de não detectarem o doce, eles lentamente começaram a mudar seu padrão de preferência em favor do lado que tinha a solução doce", disse.

Segundo o cientista, que graduou-se pela Universidade de Brasília e completou os estudos nas universidades de Edimburgo e Oxford, isso mostra, em nível comportamental, que o animal desenvolve preferência clara pela caloria mesmo na ausência de qualquer prazer específico ligado ao paladar.

"Depois fizemos o mesmo experimento substituindo a água com sacarose por uma solução de água com sucarose – um adoçante artificial utilizado no mercado. O animal normal gostava muito desse adoçante, mas os animais mutantes não mostravam preferência nenhuma quando não havia conteúdo calórico", disse.

Alterações hormonais

Após os experimentos comportamentais, os cientistas analisaram os padrões cerebrais dos camundongos, começando por uma microdiálise: obtendo pequenas amostras de fluido cerebral dos animais, mediram o conteúdo do neurotransmissor conhecido como dopamina.

"A dopamina é liberada por algumas áreas específicas do cérebro quando os animais e pessoas têm contato com estímulos sensoriais altamente atrativos – que vão desde alimentos palatáveis até imagens sexuais ou drogas. Queríamos saber se o sistema de recompensa permanecia ativo quando havia calorias, mesmo sem o componente sensorial", explicou Araújo.

Os animais geneticamente modificados, segundo ele, mostraram alto nível de emissão dopaminérgica quando consumiam a água com sacarose. Quando se tratava da água com adoçante, no entanto, os níveis de emissão não eram detectáveis. Nos animais normais, os níveis de dopamina aumentavam em ambos os casos.

"Depois disso fizemos ainda um experimento eletrofisiológico, mostrando que nas áreas em que existia liberação de dopamina os neurônios ficavam mais ativos durante o consumo calórico", contou.

Segundo o cientista, o "sexto sentido" dos animais para alimentos calóricos ainda não pode ser explicado, mas há algumas possibilidades plausíveis. Uma delas é que os hormônios dopaminérgicos presentes no cérebro seriam capazes de detectar receptores para insulina.

"O consumo de alimentos calóricos provoca mudanças hormonais no nível de glicose sangüínea, aumentando a insulina e alterando uma série de outros hormônios. As células cerebrais expressam receptores para muitos desses hormônios, em particular para os dopaminérgicos", apontou.

Outra possibilidade é que o cérebro detecte mudanças nos níveis sangüíneos de glicose por meio de determinados hormônios glucossensores. "Fisiologicamente e neuroanatomicamente existem caminhos para que isso ocorra. Ninguém demonstrou ainda que esses receptores nas áreas dopaminérgicas têm uma função, mas a maquinaria necessária para que isso aconteça existe de fato", afirmou Araújo.

Publicado pela Agência FAPESP (http://www.agencia.fapesp.br) em 27 de março deste ano, por Fábio de Castro,

O artigo Food reward in the absence of taste receptor signaling, de Ivan E. de Araújo e outros, pode ser lido no site da Neuron em www.neuron.org.

sábado, 23 de agosto de 2008

O que comer? Pergunte ao OUTRO!



No meio de tantas regras, certos e errados, saudáveis e péssimos para saúde, calóricos, light e diet... aonde fica o prazer em comer????

Parece que a relação com a escolha da nossa alimentação é heterônoma, de exterioridade. Nos foi roubada a intuição, o instinto, a regulação pelo apetite, pelo paladar, pelo olfato, pelo olhar... Não confiamos mais em nós mesmos! Está tudo bagunçado!

Como nos EUA, associamos, atualmente, alimentos e saúde. Eu não sei o que posso comer, o OUTRO é quem sabe melhor que eu. O saber está fora de mim. Na ilusão de conseguirmos nos adequar, perdemos a pista do que fazer.

Cadê a "alma" da comida? Cadê a nossa?!?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Que horas são? Hora de chocolate!


Essa é demais! Achei no blog Weighty Matters, e não pude deixar de postar aqui! É irresistível!

A razão do meu espanto e das minhas risadas é o CHOCOCLOCK, um relógio tipo cuco que a cada hora te oferece um chocolate sob o ritmo de 'Dance of the Sugar Plum Fairy' ! Pois é, em vez de sair o famoso cuco, da portinha que se abre sai um saboroso prêmio por mais uma hora de trabalho! Você tem 30 segundos para pegá-lo antes que o relógio tome ele de novo. Ops!

Para aqueles sem força de vontade, o nosso amigo tem um botão de trapaça: é só apertar e o chocolate vem, nem é necessário esperar o tempo passar! De um em um segundo, que tal?!?

E aí...

... quer um?

sábado, 16 de agosto de 2008

Juventude à Flor da Pele - SKINS

Exibição: sábado, terça - 21h00 - HBO Plus
Categoria:Comédia/Drama
1ª Exibição:25/01/2007

"Juventude à Flor da Pele" é um drama teen inglês que focaliza em um grupo de adolescentes, que mora na cidade de Bristol. A série mostra as angústias dos personagens e os seus problemas pessoais, enquanto eles precisam lidar com questões relacionadas a raça, religião, sexualidade, drogas e transtornos alimentares.

Cassie é a personagem com transtorno alimentar. Ser magra é tão importante para ela, que ela fica dias em jejum e cria diversos comportamentos para se distrair da comida e da vontade de comer - porque ela até sente prazer em comer, e sabe também da necessidade de alimentar-se, mas tem horror de engordar.



quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Indagações

(...) O ponto básico para as pesquisas é, ainda, descobrir as diferenças individuais no valor reforçador do alimento e verificar seu papel na manutenção de comportamentos alimentares novos. Será que existem regras sobre alimentação que quando aprendidas dificilmente entram em desuso? É no entanto interessante constatar que pré-adolescentes têm mais sucesso em manutenção de peso que adultos. Será o processo biológico mais maleável em tenra idade ou será que novos comportamentos quase incompatíveis com comer são aprendidos e mantidos pela gratificação continuada?

Ades, L., & Kerbauy, R. R. (2002). Obesidade: Realidade e indagações. Psicologia USP, 13 (1), 197-216.

sábado, 9 de agosto de 2008

Comida artística!

Muuuuito legal!

Não pude deixar de colocar aqui o link, que tirei do blog What to Eat, de Marion Nestle.

http://whattoeatbook.com/wp-content/uploads/2008/05/foodart.pps

São cenários feitos com comida, e fotografados por Carl Warner.





E eu nem tinha notado que as nuvens eram couve-flor!

Mais dicas para comer menos!



Gosto de dicas práticas. Vale a pena experimentá-las, podem dar certo para você!
Particularmente, confesso, a número 4 é de grande utilidade para mim!


1. Coma antes de comer

Acredite: essa é uma grande estratégia para evitar um prato tamanho GG no almoço e no jantar. Na prática, isso significa literalmente fazer uma boquinha antes de sentar-se à mesa. Uma pesquisa com 59 pessoas e que durou cinco semanas, realizada na Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelou que quem come uma maçã 15 minutos antes de uma refeição ingere 187 calorias a menos. E isso equivale a deixar de comer uma barra de chocolate ao leite de aproximadamente 40 gramas! Para chegar a esse resultado, os cientistas separaram os voluntários em três turmas: a primeira comeu a maçã, a segunda bebeu o suco da fruta enriquecido de fibras e a terceira ficou com a bebida pura. E só o primeiro grupo -- o da maçã inteira -- contentou-se com menos comida. Os estudiosos americanos concluíram que frutas in natura, em geral, deixam o prato mais magro. "A pectina, que é um tipo de fibra, dificulta a absorção de gorduras e açúcares", esclarece a nutricionista funcional Lucyanna Kalluf, do Instituto Alpha de Saúde Integral, de São Paulo. Outra tática é optar por uma entrada – um prato de sopa de vegetais pode reduzir o valor calórico em até 130 calorias. É como se você deixasse de engolir uma taça de vinho tinto com 150 ml! Mandar ver um prato grande de salada de folhas é mais uma boa pedida para não sentir tanta fome na hora H. Nesse caso, dá para reduzir em 12% o valor calórico da refeição. Só que a tal entrada deve ter entre 100 e 150 calorias, olha lá. E, só para variar, experimente um caldinho de vegetais com uma colher de sopa de flocos de aveia. "Esse cereal é rico em fibras solúveis, que formam um gel viscoso com a água, permanecendo mais tempo no estômago", conclui Lucyanna. E aí -- adivinhe -- nada de fome!


2. Encha o prato com......

alimentos fibrosos e ricos em água. Além da salada e da sopa de vegetais como entrada, é importante escolher, tanto na refeição principal como na sobremesa, ingredientes com maior quantidade de fibras. É o caso dos cereais integrais, que dão saciedade pra valer. Frutas como melancia e melão têm o mesmo efeito. E não se esqueça da gelatina, dos ensopados e dos cozidos, que também não deixam você exagerar nas comidas engordativas. "Assim como a maçã, todos esses itens aplacam a fome rapidamente", completa Andrea Rabay.



3. Mantenha sempre a lancheira a postos

Fazer pequenos lanches entre as refeições é fundamental para evitar picos de fome na hora do almoço e do jantar. Parece óbvio, mas nem todo mundo se dá conta de que ir para a mesa com fome de leão tem um resultado nefasto: um prato gigante. "Comer pequenas porções e mais vezes ao longo do dia não só diminui a fome como acelera o metabolismo", afirma o professor de educação física Carlos Simeão Júnior, de São Paulo, que é doutorando em nutrição. Logo, é importante ter sempre à mão um lanchinho saudável. Pode ser uma fruta, um iogurte, um punhado de frutas secas, uma barrinha de cereal integral ou um suco de caixinha -- sem açúcar, bem entendido.


4. Descanse se estiver cansado

E fique longe da geladeira. Se tem uma coisa que faz as pessoas perderem o controle na hora de botar comida no prato, ela se chama cansaço. "Para compensar esse estado, o corpo procura uma fonte de prazer -- e a mais fácil e prática é a comida", afirma a psicóloga Suzy Camacho, de São Paulo. Além disso, a exaustão nos dá uma falsa sensação de fome. E aí vamos buscar no alimento a energia de que nem precisamos de verdade. Resultado: acabamos escolhendo alimentos mais energéticos e, portanto, mais calóricos. "Fadiga se cura com repouso, um cochilo ou um banho morno, por exemplo, e não com calorias", lembra a psicóloga. Ou seja, evite fazer uma refeição enquanto estiver caindo pelas tabelas. Caso contrário, seu prato vai pesar -- e muito -- na balança.


Carla Conte
Site Abril

(retirado do site da Associação Brasileira dos Profissionais de Culinária - ABPC)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Hungry World






Estados Unidos: Família Revis, da Carolina do Norte.
Gasto com alimentação em 1 semana: 341,98 dólares.


Equador: Família Ayme, de Tingo.
Gasto com alimentação em 1 semana: 31,55 dólares.






O que há na mesa de 30 famílias de 24 países do mundo?


O fotógrafo Peter Menzel, em seu livro Hungry Planet - What the World Eats, nos mostra!



Ele e Faith D'Aluisio registraram toda a alimentação dessas famílias por uma semana inteira. Há dados sobre o tamanho da família, sobre o custo, sobre as comidas preferidas. Em uma edição online da revista Time tem slide-shows com fotos de 15 famílias fotografadas por Peter Menzel para este projeto. Vale a pena conferir!


Parte I:


Parte II:


Parte III:

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Verduras e legumes X gorduras e açúcares

Os hábitos alimentares mudaram bastante, enfatiza Walmir Coutinho em um artigo de revisão sobre a etiologia da obesidade:

Nas sociedades de hábitos ocidentais, o consumo calórico tem derivado predominantemente de alimentos processados, de alta densidade energética, com elevados teores de lipídios e carboidratos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que nos últimos 100 anos o consumo de gorduras tenha aumentado em 67% e o de açúcar em 64%. Já o consumo de verduras e legumes diminuiu 26% e o de fibras 18%.

Em grande parte este aumento do consumo calórico parece dever-se ao crescimento progressivo das porções de alimentos ao longo das últimas décadas.



Também nos países em desenvolvimento observa-se uma tendência à deterioração dos hábitos alimentares. Estudando padrões de consumo da população brasileira, Sichieri e colaboradores relataram uma Redução do consumo de arroz com feijão de 30%, enquanto o consumo de refrigerantes aumentou em 268% no Rio de Janeiro.

(o artigo encontra-se no site da ABESO)

Atenção: seu corpo nem sempre é o que parece!

Achei mais uma pesquisa que investiga a importância da imagem corporal. Feita pelo Instituto Roberto Koch, na Alemanha, colocou o foco na relação entre imagem corporal e qualidade de vida. Foram coletados os seguintes dados de 7 mil adolescentes, de ambos os sexos, entre 11 e 17 anos: o peso real, a avaliação do próprio peso numa escala que variava de "magro demais" a "gordo demais" e um questionário sobre qualidade de vida.

Na mesma linha da nossa pesquisa, que citei em outro post, apesar de 82% dos participantes terem um peso considerado normal, quase 55% das meninas e 36% dos meninos consideraram-se "muito gordos".

Por outro lado, os que julgaram estar no peso normal demonstraram ter uma melhor qualidade de vida, mesmo que estivessem um pouco acima do peso!

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Eterna luta, também dos profissionais de saúde!

Puxa, vida, como é difícil emagrecer, né? Os dados não são muito animadores quando a gente vai avaliar a porcentagem de pessoas que conseguem se manter mais magras após um tratamento. Honestamente, é um número muito menor do que gostaríamos.

Estou convencida de que o tal do "efeito-sanfona" faz mal não apenas para a pessoa em questão, que engorda, emagrece, engorda... mas também para os profissionais de saúde envolvidos com o emagrecimento dessa pessoa. Falo por experiência própria.

É muito decepcionante sermos cúmplices, participando de toda a batalha, torcendo e sofrendo junto, e depois vivenciarmos junto ao paciente toda a frustração de reconquistar os quilos perdidos. Mas escutem bem: não tem nada a ver com decepção com o paciente! Tem a ver com decepção com os métodos, com as alternativas de luta, com a complexidade na etiologia da obesidade, com o que sabemos ser para uma pessoa a exaustão e a falta de motivação causadas pelas diversas e longas tentativas.

No meu caso, por exemplo, tento ao máximo investigar, desde o início do tratamento, todos os recursos disponíveis que poderão ser úteis na manutenção posterior do peso. Mostro ao paciente o quão importante é ter uma visão do processo de reeducação alimentar como naturalmente cheio de "erros e acertos", e que é a forma como lidamos com os "erros" que garante que a coisa dê certo (ou seja, digo a eles para persistirem, e para voltarem aos comportamentos saudáveis assim que notarem que relaxaram muito, ao invés de dar tudo por perdido quando se recupera um ou dois quilos). Leio bastante, no intuito de descobrir técnicas e formas de ajudar cada paciente em sua singularidade (pois não existe, no meu ver, uma "personalidade obesa", ou uma "psicologia do obeso", que se adeque a todos os casos. Cada um é um!). Converso muito com profissionais de outras áreas da saúde, para trocarmos experiências e trabalharmos juntos em alguns casos. Enfim...

Não dá para ter uma visão estreita, quando se trata de trabalhar com emagrecimento e melhoria da qualidade de vida através de mudanças de hábitos. A gente tem que estar sempre buscando, questionando! E o trabalho conjunto é essencial, tanto com outros profissionais, como com a participação ativa dos pacientes no tratamento.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Nada como trabalhar naquilo que se gosta!





O Projeto de Educação em Saúde para o Grupo Chaverim (que quer dizer "amigos", em hebraico) foi, para mim, a intersecção perfeita entre trabalho e prazer.

Antes de mais nada, eu adoro o Grupo Chaverim. Ele existe há 13 anos, e é um grupo de socialização e inclusão para adultos e adolescentes que têm algum tipo de deficiência intelectual, seja qual for. Um exemplo de trabalho conjunto, de união de forças! Para quem quiser, o site do grupo é: http://www.grupochaverim.com.br/.

A proposta, de criar um programa de educação em saúde para um grupo de mais ou menos 30 pessoas, adultas e com deficiências intelectuais das mais diversas, foi um verdadeiro desafio. E eu adoro desafios!

Ainda mais quando tenho que os encarar ao lado de pessoas hiper-competentes e amigas: trabalharam comigo a Vivian (nutri), o Ricardo (educador físico) e a Tati (endócrino). Grande equipe, amigos para a vida toda!

O objetivo, abrangente, este eu levo para vários outros trabalhos: além de incentivar a adoção e manutenção de atitudes saudáveis na alimentação, em atividade física, no cuidar da auto-estima, trabalhamos também o senso de responsabilidade pela própria saúde e bem estar, a participação na comunidade e o prazer em se cuidar. Quando pensamos no grupo Chaverim, pensamos em amizade, relacionamentos pessoais, cultura, lazer, autonomia, inclusão. Pensamos na postura de estimular, facilitar a vivência das potencialidades de cada um e do grupo, e não de enfatizar as limitações. Isso, ao meu ver, é saúde. Saúde tem que ser vista como processo dinâmico de busca de melhoria da qualidade de vida.

Do ponto de vista da psicologia, mesmo dentro da "saúde", existem tensões físicas, biológicas, psicológicas ou sociais. Vejo como saudável a habilidade que se tem (ou não) para lidar com tais tensões, e a busca de tais habilidades em si. Portanto, a palavra resiliência está muito ligada ao conceito de saúde. Resiliência é a capacidade humana universal de enfrentar as adversidades da vida, superá-las, ou até ser transformado positivamente por elas. São, então, indicadores de saúde, ou de qualidade de vida, o sono, a disposição, a ausência de dor, a auto-estima, a satisfação com a aparência, a independência, a qualidade dos relacionamentos... Temos que ter em mente que tudo isso tem sua importância quando vamos abordar uma questão de saúde em particular. Somos um todo!

Os resultados do trabalho superaram as expectativas: motivação, participação, compreensão, criação, ânimo, alegria, aprendizagem, questionamento, carinho, enfim... Saímos todos mais saudáveis da experiência, isso não dá para negar!

domingo, 27 de julho de 2008

Filme: Maus Hábitos


A jovem freira Matilde colocou em sua cabeça que jejuando ou comendo apenas alimentos com sabor desagradável consegue evocar seus desejos religiosos. Agora, parou de comer para tentar impedir que uma enchente aconteça. Ela ajuda uma menina chamada Linda a estudar para a primeira-comunhão. Para o desespero da mãe de Linda, Elena, a garota é gordinha, o que a deixa envergonhada, afinal é anoréxica e completamente obcecada pela boa forma.

Os problemas na família de Linda não param por aí. O pai dela, o arquiteto Gustavo, tem uma amante, com quem redescobre as incríveis sensações do amor e do sexo. Mas a jovem estudante tem o apelido de Gordinha e é tão apaixonada por comida quanto é pelo novo namorado. Em meio a este caos familiar e alimentar, estas pessoas encaram uma realidade difícil de digerir.

O diretor Simon Bross procurou criar personagens que tem Maus Hábitos alimentares e de comportamento para retratar como as pessoas engolem a realidade em que vivem. O longa foi rodado entre setembro e outubro de 2005, na Cidade do México, e participou de festival internacionais nas Américas do Norte e Latina.


Censura: 14 anos
Diretor: Simón Bross
Elenco: Ximena Ayala, Elena de Haro, Marco Antonio Treviño
Nome Original: Malos Habitos
Ano: 2007
País: MEX
Duração: 103 minutos


Unibanco Arteplex Frei Caneca - Sala 8 - 19 h



quinta-feira, 24 de julho de 2008

Anorexia e Bulimia


A Manu pediu por e-mail que eu falasse um pouco de Anorexia e Bulimia.


A Anorexia começa tipicamente do meio para o fim da adolescência (entre 14 e 18 anos de idade). O aparecimento da doença está freqüentemente associado a um acontecimento vital estressante. As características essenciais da Anorexia Nervosa são a recusa do indivíduo a manter um peso corporal na faixa normal mínima, para sua idade e altura, um medo muito grande de engordar e uma perturbação significativa da imagem corporal, ou seja, na percepção da forma ou do tamanho do corpo. Além disso, as mulheres pós-menarca com este transtorno são amenorréicas. O medo intenso de engordar não é aliviado pela perda de peso. Na verdade, o que geralmente ocorre é o inverso, isto é, a preocupação com o ganho ponderal aumenta à medida que o peso real diminui.

A perda de peso nas pessoas com Anorexia Nervosa é obtida, principalmente, através da redução do consumo alimentar total, embora alguns pacientes possam começar "o regime" excluindo de sua dieta aquilo que percebem como sendo alimentos altamente calóricos. De modo geral, a maioria dos pacientes termina com uma dieta muito restrita, por vezes limitada a apenas alguns poucos tipos de alimentos. Nos casos mais graves o paciente adota métodos adicionais de perda de peso, os quais incluem auto-indução de vômito, uso indevido de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios intensos ou excessivos.

A vivência e a importância do peso e da forma corporal nestes indivíduos são distorcidas, como já dito; alguns acreditam ter um excesso de peso global, independente dos resultados contrários da balança. Outros ficam bastante preocupados com partes específicas do corpo (principalmente abdômen, coxas e nádegas), percebidas como excessivamente gordas. Eles tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição. Podem usar de diversas técnicas para estimar seu peso, incluindo pesagens repetidas, medições obsessivas de partes do corpo e uso persistente de um espelho. A auto-estima dessas pessoas depende em grau muito exagerado de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma conquista notável e como um sinal de extraordinária autodisciplina, ao passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do autocontrole.

Preocupações acerca de comer em público, sentimento de inutilidade, uma forte necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamento inflexível, espontaneidade social limitada e iniciativa e expressão emocional demasiadamente refreadas são características de personalidade associadas à anorexia.

Raramente um paciente com Anorexia Nervosa se queixa da perda de peso em si. Essas pessoas freqüentemente não possuem insight para o problema ou apresentam uma considerável negação quanto a este.

A Bulimia Nervosa começa no final da adolescência ou no início da idade adulta. Suas características consistem em episódios de compulsões periódicas (ingestão, num período limitado de tempo, de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria sob circunstâncias similares) e métodos compensatórios inadequados (vômitos, laxantes e diuréticos) para evitar o ganho de peso. Além disso, a auto-avaliação destes indivíduos é excessivamente influenciada pela forma e pelo peso do corpo.

Geralmente, estes indivíduos se envergonham de seus problemas alimentares e procuram ocultar seus sintomas. Os episódios de compulsão ocorrem em segredo, e podem ou não ter sido planejados de antemão. Em geral (mas nem sempre) são caracterizados por um consumo rápido. A crise bulímica prossegue até que a pessoa se sinta desconfortável, ou até dolorosamente repleta. É geralmente desencadeada por estados de humor disfóricos, estressores interpessoais, intensa fome após restrição por dietas, ou sentimentos relacionados a peso, forma do corpo e alimentos. A crise bulímica pode reduzir temporariamente a disforia, mas autocríticas e humor deprimido ocorrem logo após.

A sensação de falta de controle acompanha o episódio de compulsão alimentar, e isso de forma mais contundente no início do transtorno. Alguns indivíduos descrevem uma qualidade dissociativa durante ou após os episódios.

Vergonha de Ser... gordo.

Todo ser humano, desde a infância, tem uma motivação básica: procurar ver-se como alguém dotado de valor positivo. Busca, durante toda a vida, o reconhecimento de suas qualidades pelos outros, o respeito às suas opiniões e idéias. Julga a si mesmo comparando-se a ideais de como deveria ser. Tenta agir de acordo com o que aprendeu ser certo e bom. Busca ser amado e admirado. Quer ter sucesso em suas ações. Defende-se vigorosamente de humilhações.

Roger Perron, vinculando a consciência de si a uma qualidade sempre valorativa, escreve: “as imagens de si são construídas como conjunto de valores. Todas as características pelas quais o sujeito pode se definir são, com efeito, sentidas, em graus diversos, como desejáveis ou não. E há mais: no mais íntimo da consciência de si – do sentimento de ser um Eu, distinto de todos os outros – reside a sensação de ser valor como pessoa".

E quais os valores atribuídos atualmente às pessoas com excesso de peso? Como definimos - e se definem - tais pessoas, em termos de valor pessoal?

Os obesos têm que lidar, o tempo todo, com a exposição excessiva de sua "fraqueza", ou seja, de seu corpo acima do peso. Exposição constante aos olhos de uma sociedade cheia de preconceitos, e de si mesmos, também cheios de preconceitos. O gordo é visto, apontado, julgado, discriminado, ridicularizado, desacreditado. A suscetibilidade à vergonha é muito grande; o corpo o faz visível, literalmente, e sujeito, o tempo todo, às avaliações dos outros.

Na realidade, a crença em relação à virtude da restrição alimentar está presente em todos nós. De certa forma, pensamos a intemperança como sinal de fraqueza moral e, no âmbito alimentar, ela está em igualdade moral com outras formas de transgressão. A gula nos ofende. Além disso, em nossa época e em nossa cultura, existe uma clara valorização do corpo, do ponto de vista da aptidão física e do ponto de vista da interação social. À valorização do corpo se contrapõe a condenação dos corpos discrepantes ou desleixados. Das academias às clínicas de estética, passando pela voga dos regimes e das cirurgias plásticas, os instrumentos e serviços criados para aumentar a saúde e embelezar as aparências fazem muito sucesso na população em geral.

As mulheres atualmente ainda enfrentam o problema social da gordura e da magreza mais do que os homens. Tem a ver com a disponibilidade do corpo feminino ao olhar público, o sentimento de impotência e a necessidade de aprovação que enfrentam em nossa sociedade. Qualquer mulher cujo corpo não se aproxime da limitada recomendação imposta pela cultura tende a se sentir vulnerável e em desvantagem. Não apenas em termos de estética: mas em termos de seu valor como pessoa.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Filmes: Transtornos Alimentares

A pedido de Taty, 4 filmes bacanas sobre Transtornos Alimentares.

Por Amor a Nancy
(For the Love of Nancy - 1994)

Filme dirigido por Paul Schneider. Neste drama, o casal Sally e Thomas Walsh (Jill Clayburgh e William Devane) descobre que sua filha, a jovem Nancy (Tracey Gold), tem anorexia. Sally e Thomas internam a filha numa clínica especializada. Mas Nancy, maior de idade, recusa o tratamento e perde a vontade de viver.


Preço da Perfeição: a história de Ellen Hart Pena
(Dying to Be Perfect: The Ellen Hart Pena Story - 1996)

O filme, dirigido por Jan Egleson, narra a vida da ex-corredora norte-americana que quase morreu ao atingir um estado crítico de bulimia (com Crystal Bernard).


O Segredo de Kate
(Kate´s Secret - 1986)

Casada com um bem-sucedido advogado, Kate é uma bela dona de casa que aparentemente tem uma vida perfeita. Mas ela esconde sua compulsão pela prática de exercícios físicos e um longo histórico de distúrbios alimentares (com Meredith Baxter , Ben Masters , Georgann Johnson).

A História de Karen Carpenter
(The Karen Carpenter Story - 1989)

A trágica história da cantora Karen Carpenter (Cynthia Gibbs), de sua meteórica ascensão com o grupo The Carpenters, que formou ao lado de seu irmão Richard (Mitchell Anderson), às graves crises provocadas por distúrbios alimentares, que acabariam lhe custando a vida.

Cuidado com a dieta da Cinderela!


A questão da Imagem Corporal



Imagem corporal é a representação mental que temos do nosso corpo e da nossa aparência física. O interessante é que, por estar influenciada pelos sentimentos positivos ou negativos relacionados à forma ou tamanho do nosso corpo, não necessariamente ela é compatível com o nosso corpo real.

Acabamos de concluir uma pesquisa* com universitários, por exemplo, na qual constatamos que das 84 mulheres entrevistadas, todas com IMC normal (peso normal), apenas 17% referiram estar satisfeitas com o próprio corpo. 74% das mulheres gostariam de pesar menos, pois viam-se acima do peso, apesar de estar dentro da faixa de peso normal!!!

É crescente o número de evidências que sugerem que a insatisfação com a imagem corporal é um forte determinante para os comportamentos alimentares desregrados e inadequados, inclusive para a compulsão alimentar!!Muitos dos programas de emagrecimento vêm incluindo o tratamento da distorção da imagem do corpo, exatamente por causa disso.


E vocês, como se vêem?


* "Comportamento Alimentar & Imagem Corporal em uma População de IMC Normal" - Pesquisa realizada juntamente com Amanda, Anilde, Helena, Lílian e Marília do Instituto de Psicologia da USP.

sábado, 19 de julho de 2008

7 armadilhas que nos fazem comer mais sem perceber




Wansink é professor de marketing da Universidade de Cornell, no estado de Nova York. Mantém há dezoito anos um laboratório de pesquisa em nutrição no qual promove jantares e encontros do tipo boca-livre para estudar os hábitos inconscientes que fazem uma pessoa comer mais e engordar. Já falei dele aqui no blog. Em entrevista à Revista Veja, citou 7 armadilhas muito comuns, que nos fazer comer mais sem perceber:

1ª ARMADILHA:

COMPRAR EMBALAGENS GRANDES

O experimento que provou que esse hábito engorda: Wansink convocou quarenta pais e professores para uma reunião de trabalho na qual assistiriam a um filme. Agradeceu a presença dos participantes distribuindo pacotes de confeitos de chocolate de 500 ou 250 gramas – bem maiores do que os vendidos em cantinas e padarias, que contêm 30 gramas. No fim da reunião, explicou seu verdadeiro intuito e pesou o que havia restado nos pacotes de chocolate. Os que receberam a embalagem grande comeram em média 137 confeitos. Os que abriram a embalagem pequena pararam no 71º confeito.

2ª ARMADILHA:

COMER MAIS, E RÁPIDO, PARA ACOMPANHAR O RITMO DAS OUTRAS PESSOAS À MESA

O experimento que provou que esse hábito engorda: organizou-se uma série de almoços, em que os participantes comiam sozinhos, depois em grupos de quatro e de oito pessoas. Aqueles que comiam devagar quando estavam sós aceleravam o ritmo e comiam quase o dobro na companhia de colegas. Aqueles que já tinham o hábito de comer depressa continuavam mordiscando (pães do couvert) para acompanhar os outros.

3ª ARMADILHA:

ENGANAR-SE COM O TEXTO ESCRITO NAS EMBALAGENS

O experimento que provou que esse hábito engorda: ofereceram-se chocolates a um grupo de pessoas acima do peso, que poderiam comê-los à vontade, mas teriam de optar pela versão normal ou pela light (com calorias e gorduras reduzidas). Os que optaram pela versão mais saudável comeram 90 calorias a mais.

4ª ARMADILHA:

EM RESTAURANTES, SER SEDUZIDO PELO PRATO MAIS SUCULENTO DO CARDÁPIO

O experimento que provou que esse hábito engorda: durante seis semanas, pesquisadores da Universidade de Cornell mexeram discretamente no cardápio de um restaurante. Trocaram, por exemplo, o nome "frango à parmigiana" por "maravilhoso frango à parmigiana da mamma". Convidaram, então, as pessoas que escolheram tal prato a avaliá-lo. Sistematicamente, os clientes que escolhiam o prato pelo nome sem graça consideravam-no apenas razoável – ao passo que os que comiam a receita da mamãe ficavam satisfeitos. Além disso, o prato com descrição incrementada teve 27% mais pedidos.

5ª ARMADILHA:

COMER ENQUANTO SE FAZ OUTRA ATIVIDADE

O experimento que provou que esse hábito engorda: estudantes foram convidados para assistir a um programa experimental na TV e ganharam uma tigela de pipoca e um prato de cenouras baby. Houve duas sessões: uma de sessenta e outra de trinta minutos. Nas duas ocasiões, os alunos não pararam de comer até o programa terminar. Mas os que ficaram na sala por uma hora comeram 28% mais que os outros – não o dobro, como se podia esperar

6ª ARMADILHA:

USAR PRATOS E COPOS PARA MEDIR COM QUE QUANTIDADE SE FICARÁ SACIADO

O experimento que provou que esse hábito engorda: dois grupos de voluntários serviram-se num bufê de sorvetes. Um deles recebeu taças pequenas e o outro, taças grandes. As pessoas que usaram as taças maiores colocaram quase 60% mais sorvete do que as que usaram as menores. A diferença representa 250 calorias.

7ª ARMADILHA:

MANTER GULOSEIMAS À VISTA NO ESCRITÓRIO OU NA SALA DE CASA

O experimento que provou que esse hábito engorda: dois grupos de secretárias receberam potes cheios de bombons – a diferença é que para um grupo a bonbonnière era de vidro e para o outro, opaca. Ao fim de uma semana, as profissionais que podiam ver os bombons pelo vidro haviam comido cerca de 70% mais que as outras participantes do estudo. Nutricionistas da equipe de Wansink estimam que as secretárias poderiam engordar 10 quilos em um ano caso mantivessem o hábito de comer chocolates à tarde.


(Revista Veja, 15/11/2006)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

National Weight Control Registry

O National Weight Control Registry (Registro Nacional de Controle do Peso), nos EUA, é um centro de estudos que existe desde 1994 e que busca reunir informações sobre pessoas que conseguiram emagrecer e não recuperaram os kilos perdidos. Eles recolhem dados de pessoas com mais de 18 anos que perderam pelo menos 13,6 kg (30 pounds) e que mantiveram a perda de pelo menos 13,6 kg por um ano ou mais.

Os indivíduos registrados completam questionários periodicamente. Além de outros dados também importantes, relatam suas estratégias de manutenção do peso e outros comportamentos saudáveis.

Acho simplesmente fantástica a iniciativa. São poucos, infelizmente, que emagrecem e que conseguem manter o peso por um longo período de tempo. Então, o NWCR perguntou-se: que características em comum têm esses indivíduos? O que eles poderiam nos ensinar?

1) Movimentar-se, todos os dias! 94% aumentaram sua atividade física. Muitos simplesmente começaram a caminhar regularmente. 90% destes que relataram exercitar-se mais, o fazem por pelo menos 1 hora por dia.

2) 98% modificaram sua dieta alimentar, restringindo alguns alimentos a determinadas ocasiões, mas nada de dietas rígidas!

3) 78% relataram tomar café-da-manhã todos os dias.

4) 62% assistem menos de 10 horas de TV por semana.

Há muitos artigos que detalham os resultados do levantamento, no site. Vou pesquisar e postar!


quinta-feira, 17 de julho de 2008

As tais fibras...


Alguns posts atrás, uma frequentadora assídua do blog (a Lola!) fez um comentário a respeito da salada e de sua capacidade de trazer saciedade. Pegarei um gancho na dúvida dela para falar das fibras, bastante presentes nos vegetais.

O que são fibras, afinal? São resíduos de paredes celulares e de estruturas de sustentação dos vegetais. Elas não são absorvidas pelo nosso organismo, passando quase intactas pelo sistema digestivo, sendo eliminadas com as fezes. São importantíssimas para a saúde, pois ajudam a comida a cumprir o trajeto da digestão de maneira adequada. A falta de fibras leva à prisão de ventre e a outros distúrbios intestinais, como diverticulite e hemorróida.

Os alimentos de origem animal (carne, ovos, leite e derivados) não possuem fibras.

Há dois tipos de fibras, as solúveis e as insolúveis em água. Elas cumprem diferentes funções no nosso organismo e saúde.

As fibras solúveis em água estão presentes:
  • nas leguminosas (como feijão, lentilha, ervilha)
  • na aveia
  • nos vegetais folhosos
  • frutas, como a banana e a laranja

Juntamente com uma dieta sem exageros em gorduras, o consumo desse tipo de fibra pode diminuir o colesterol, ajudando a prevenir doenças cardiovasculares. Age levando o organismo a eliminar parte da gordura ingerida.

Além disso, as fibras solúveis ajudam a regular as taxas de glicemia. Alimentos ricos em fibras solúveis fazem com que o açúcar não seja absorvido depressa, durante a digestão, e caia vagarosamente na corrente sanguínea. Isso é muito bom!

Esse tipo de fibra forma um gel e fica mais tempo no estômago, aumentando a sensação de saciedade - e isso é importante para quem está controlando o peso.

As fibras insolúveis em água estão presentes:

  • no farelo de cereais (como o de trigo e o de milho)
  • nos grãos integrais
  • nas nozes
  • nas amêndoas
  • no amendoim
  • nas hortaliças
  • em frutas como a pêra e o mamão

Esse tipo de fibra tem papel fundamental na eliminação das fezes, porque aumenta o volume do bolo fecal. Elas alimentam bactérias benéficas que habitam o intestino e seguram água feito uma esponja. Isso aumenta a velocidade com que o conteúdo intestinal passa.

Mas não adianta comer fibras sem tomar líquidos. Os dois precisam estar presentes para fazer o intestino funcionar corretamente.

Outro fator que colabora com o trabalho intestinal é a atividade física, que pode tornar as contrações desse órgão mais vigorosas.

Um adulto precisa consumir, todo dia, de 25 a 35 gramas de fibras - as fibras solúveis devem representar entre 25% e 35% dese valor; o restante deve ser de fibra insolúvel.

A grande questão é que ESTAMOS INGERINDO POUCAS FIBRAS! Nos grandes centros urbanos cresceu o consumo de produtos refinados, diminuiu a freqüência de alimentos naturais na dieta e dá-se, cada vez mais, a substituição de refeições caseiras por lanches rápidos, na maioria das vezes gordurosos e desbalanceados.

Como aumentar o consumo diário de fibras?

  • dar preferência a alimentos integrais, como aveia, linhaça, pães integrais e arroz integral.
  • ingerir frutas com casca, quando possível, como maçã; ou em forma de passas ou desidratadas, como uva, banana e ameixa preta.
  • muitas outras frutas também são ricas em fibras, como manga, mamão, abacaxi e pêssego.
  • ingerir verduras e legumes, como alface, espinafre, couve, cenoura, tomate e beterraba de preferência crus, pois o cozimento diminui o teor de fibras dos alimentos.
  • ingerir leguminosas diariamente, como feijão, lentilha e grão de bico.
  • aumentar o consumo de água para garantir ação das fibras.

(adaptado do livro "A dieta dos Pontos")