Puxa, vida, como é difícil emagrecer, né? Os dados não são muito animadores quando a gente vai avaliar a porcentagem de pessoas que conseguem se manter mais magras após um tratamento. Honestamente, é um número muito menor do que gostaríamos.
Estou convencida de que o tal do "efeito-sanfona" faz mal não apenas para a pessoa em questão, que engorda, emagrece, engorda... mas também para os profissionais de saúde envolvidos com o emagrecimento dessa pessoa. Falo por experiência própria.
É muito decepcionante sermos cúmplices, participando de toda a batalha, torcendo e sofrendo junto, e depois vivenciarmos junto ao paciente toda a frustração de reconquistar os quilos perdidos. Mas escutem bem: não tem nada a ver com decepção com o paciente! Tem a ver com decepção com os métodos, com as alternativas de luta, com a complexidade na etiologia da obesidade, com o que sabemos ser para uma pessoa a exaustão e a falta de motivação causadas pelas diversas e longas tentativas.
No meu caso, por exemplo, tento ao máximo investigar, desde o início do tratamento, todos os recursos disponíveis que poderão ser úteis na manutenção posterior do peso. Mostro ao paciente o quão importante é ter uma visão do processo de reeducação alimentar como naturalmente cheio de "erros e acertos", e que é a forma como lidamos com os "erros" que garante que a coisa dê certo (ou seja, digo a eles para persistirem, e para voltarem aos comportamentos saudáveis assim que notarem que relaxaram muito, ao invés de dar tudo por perdido quando se recupera um ou dois quilos). Leio bastante, no intuito de descobrir técnicas e formas de ajudar cada paciente em sua singularidade (pois não existe, no meu ver, uma "personalidade obesa", ou uma "psicologia do obeso", que se adeque a todos os casos. Cada um é um!). Converso muito com profissionais de outras áreas da saúde, para trocarmos experiências e trabalharmos juntos em alguns casos. Enfim...
Não dá para ter uma visão estreita, quando se trata de trabalhar com emagrecimento e melhoria da qualidade de vida através de mudanças de hábitos. A gente tem que estar sempre buscando, questionando! E o trabalho conjunto é essencial, tanto com outros profissionais, como com a participação ativa dos pacientes no tratamento.
5 comentários:
Obesidade é uma epidemia, acho que os fatores ambientais somam-se de forma maciça aos outros fatores envolvidos, criando muitas dificuldades de se lutar contra.
Gostaria que você falasse um pouco do preconceito contra a obesidade nos profissionais da saúde.
porque a gente se sente culpado quando procuramos um profissional da saúde para nos ajudar a combater a obesidade? eu me sinto em falta com eles, quase uma traidora social...quase peço desculpas por eu estar gorda e sempre tento explicar o por quê de eu ter engordado tanto...!!!!
Norah, sentimos culpa porque a obesidade é atualmente uma falha de caráter! Sentimos vergonha, uma vergonha muito maior do que aquela da forma do corpo e do peso...
Pior é que não são apenas os outros, mas a gente também vê a obesidade como tal, como uma falha de caráter, uma fraqueza moral... o preconceito está na gente mesmo!
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