quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Brasileiros consomem mais que o dobro da quantidade diária recomendada de sódio


Em tese, defende a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo diário de sódio deve se restringir a 2 g, o que equivale a 5 g de sal de cozinha, a mais rica fonte do mineral. Doenças decorrentes da hipertensão arterial, câncer gástrico e osteoporose são três dos problemas de saúde que especialistas têm associado ao elevado consumo de sódio. Entretanto, além de estar em grande quantidade no sal que tempera a comida preparada em casa, o mineral se apresenta em exageradas proporções nos alimentos industrializados – um pacote de biscoito tipo cracker, apenas, já contém 0,6 g, mais de um quarto acima do recomendado.

Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), ratificaram o que já era de se esperar: “o consumo de sódio no Brasil excede largamente a recomendação máxima para esse nutriente em todas as macrorregiões brasileiras e em todas as classes de renda”, dizem os autores, que fizeram a estimativa dos anos 2002 e 2003. O resultado será publicado na próxima edição da Revista de Saúde Pública.

Para realizar o trabalho, Rafael Moreira Claro e colegas analisaram dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita no país entre julho de 2002 e junho de 2003. Dessa forma, quase 100 mil registros de aquisição de alimentos efetuados por uma amostra probabilística de 48.470 domicílios localizados em 3.984 setores censitários foram estudados.

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“Para o país como um todo, a quantidade de sódio disponível para consumo foi de 4,5 gramas por pessoa por dia, portanto mais de duas vezes superior ao limite máximo de consumo de 2 g. Em nenhuma região brasileira a disponibilidade domiciliar de sódio foi inferior a 4 g”, afirmam.

Quanto à proveniência do sódio disponível para consumo nos lares brasileiros, cerca de 71,5% estão no sal de cozinha, 4,7% nos condimentos à base de sal – como tabletes de caldo –, 15,8% em alimentos processados com adição de sal, 6,6% em alimentos in natura e 1,4% em refeições prontas. Entretanto, os dados podem estar muito homogeneizados, se lembrarmos que produtos industrializados congelados e refrigerantes, ricos em sódio, podem ser consumidos diariamente por pessoas com maior renda.

Por isso, segundo os nutricionistas, a contribuição do sal de cozinha e dos condimentos à base de sal decresceu de forma linear com o aumento da renda, variando de 83,8% no quinto da população de menor renda a 62,5% no quinto de maior renda. “Por outro lado, a contribuição de alimentos processados com adição de sal apresentou relação direta com a renda per capita, aumentando duas e meia vezes do quinto de menor (9,7% do total de sódio) para o quinto de maior renda (25% do total de sódio)”, consideram.

A diretriz número 6 do Guia Alimentar – instrumento para informar profissionais de saúde acerca das orientações que devem ser dadas à população –, elaborada pela Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN), do Ministério da Saúde, entretanto, trata o sódio como sinônimo de sal, colocando o segundo termo entre parênteses após o primeiro. Dessa forma, recomenda a ingestão máxima de 5 g de sal diariamente (equivalente a 2 g de sódio, o limite sugerido), sem considerar, como mostram os dados acima, que o mineral presente não no sal de cozinha, mas em alimentos processados, pode chegar a constituir um quarto da quantidade total consumida.

Fonte: Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)
19/02/2009

2 comentários:

Ju1986 disse...

a gente nunca olha pro sal, só pro açúcar!

Lia disse...

Tem um post recente da Marcia, no blog Vitaminado, que fala sobre o excesso de sal! Vale a pena!