terça-feira, 27 de janeiro de 2009

ESTRESSE E OBESIDADE

"(...)Uma das mesas de debates que chamou a atenção dos especialistas abordou a questão hormonal e sua ligação com a obesidade. A especialista americana, Dra. Zofia Zukowska, mostrou a existência de forte relação do estresse com o hormônio neuropeptideo Y. A lógica demonstrada foi que, quanto mais estresse, maior a secreção de adrenalina, que ao ser metabolizada, se transforma em outro hormônio ativo, responsável pelo estoque de gordura. Ou seja, além de elevar o ganho de peso e aumentar a fome, o estresse também provoca o crescimento da célula gordurosa.

Na palestra “Human Obesity Genes”, o Dr. Peter Arner mencionou um processo semelhante. Segundo ele, pesquisas científicas demonstram que o estresse também aumenta a quantidade de glicorticóide, provocando fome e estimulando a produção de insulina, que induz a mais apetite. "

Trecho do texto da jornalista Cristina Dissat sobre o
Congresso da American Diabetes Association - 2008, para REVISTA ABESO

Manutenção de peso com e sem cirurgia bariátrica.


Entre pessoas que tiveram sucesso na redução e na manutenção ponderal, qual a diferença entre os que fizeram cirurgia bariátrica e os que as atingiram através de métodos não-cirúrgicos?

Bond (Brown University) e colaboradores publicaram um artigo a respeito no International Journal of Obesity. Eles estudaram a manutenção do peso de 105 pessoas que haviam passado pela cirurgia, e de 210 pessoas que haviam perdido peso sem ela, numa avaliação prospectiva de 1 ano.

Os participantes dos dois grupos relataram ter perdido por volta de 56 kg, inicialmente, e de ter mantido no mínimo 13,5 kg a menos nos últimos 5,5 anos. Durante o ano do estudo, em ambos os grupos, houve reganho de 1,8 Kg, em média. Porém...

... aqueles que foram operados relataram menos atividade física, maior consumo de fast food e gordura, menor controle alimentar, maior depressão e estresse!

Podemos concluir que a manutenção do peso pode ser alcançada por métodos não cirúrgicos, mas depende de esforços comportamentais mais intensivos. Em outros termos, como comentado pelo Dr. Sharma em seu blog, a cirurgia da obesidade parece ser mais clemente, mais flexível que o manejo do estilo de vida por si só, quando se trata de manutenção ponderal. Ou seja, apesar de terem se exercitado menos, de terem comido mais gordura e fast food, de relatarem maior estresse e depressão e menor controle alimentar, os pacientes cirúrgicos foram capazes de manter o mesmo tanto de peso perdido que os do outro grupo.

Dr. Sharma acrescenta: "tenho poucas dúvidas de que esses mesmos pacientes cirúrgicos, se dependessem de uma mudança de estilo de vida, apenas, sem a cirurgia, teriam tido resultados muito piores."

Mas cuidado! Isso não significa que quem faz a cirurgia pode "ficar tranquilo", porque, "cuidando-se ou não, vai emagrecer". Não é assim! A mudança no estilo de vida é fundamental para todos, tanto para o emagrecimento quanto, óbvio, para a SAÚDE.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PENSAMENTOS SABOTADORES



A maneira como as pessoas pensam afeta o que elas sentem e o que elas fazem. Por exemplo, alguém com crenças autoderrotistas interpretará um grande número de situações como sinais de fracasso e atribuirá tal fracasso a sua incapacidade ou fraqueza. Não levará em conta outras possibilidades - de que a situação era inevitável ou de que existiam soluções viáveis.

"Eu não consigo" é um bom exemplo de como este tipo de pensamento gera rigidez de atitude: "de que adianta agir se já sei que não consigo"? A mesma pessoa pode criar para si situações muitos diferentes - de muito boas oportunidades a momentos muito ruins - dependendo de como pensa.

A Terapia Cognitiva baseia-se no pressuposto de que se as pessoas aprenderem a pensar mais realisticamente, poderão se sentir melhor e alcançar mais facilmente suas metas. Temos muitos pensamentos automáticos disfuncionais (ou pensamentos sabotadores) que nos 'prendem' em sentimentos de tristeza, ansiedade ou impotência, ou minam nosso autocontrole.

No caso de quem precisa perder peso, pensamentos sabotadores muito comuns são:

Não tem problema se eu comer isso, porque...

Comer isso não vai fazer diferença...

É muito injusto eu não poder comer o que quero, ter nascido assim...

Já que exagerei um pouco, não adianta continuar, vou comer o que eu quiser o resto do dia.

Não posso desperdiçar alimentos.

Não adianta fazer dieta, tenho tendência a engordar.

Minha amiga vai pensar que sou mal educada se não comer o bolo que ela fez.

Não suporto estar com fome, nem ver algo delicioso na minha frente sem comer.

Ou seja, temos prontinhos em nossas mentes justificativas e motivos muito fortes e convincentes para comer o que não se deve! Cabe a nós identificá-los e 'pagar com a mesma moeda': a cada pensamento sabotador identificado, temos que tirar da manga uma resposta mais funcional e adaptativa. E repeti-la a cada situação, com persistência, pensando sempre nos motivos que se tem para perder peso.

Somos nosso próprio diabinho e nosso próprio anjinho!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Privação de sono e escolhas alimentares


A diminuição do tempo de sono tem se tornado uma condição endêmica na sociedade moderna, e a literatura atual tem encontrado importantes associações epidemiológicas entre o prejuízo no padrão habitual do sono e a obesidade.

Algumas evidências apontam que a privação de sono parece aumentar não somente o apetite, como também a preferência por alimentos mais calóricos.

Experimentos com pessoas privadas de sono mostraram que o apetite por nutrientes que continham alta quantidade de carboidratos, incluindo doces, biscoitos salgados e tubérculos, aumenta, mas o apetite por frutas, vegetais e alimentos com alta quantidade de proteínas é pouco afetado. Há, também, uma grande preferência pelo consumo de lanches rápidos e calóricos durante o horário de trabalho nos trabalhadores noturnos. Essa preferência é bastante preocupante, pois além de os indivíduos com perda de sono apresentarem um padrão hormonal predisponente para uma ingestão calórica aumentada, o preenchimento dessas calorias tende a ser feito com alimentos de baixa qualidade nutricional.


Relação entre Sono e Obesidade: uma Revisão da Literatura
Crispim et al.
Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/7