sexta-feira, 13 de março de 2009

Estresse e saúde


Quando nosso corpo é exposto a algum tipo de ameaça, seja ela psicológica ou física, produz-se um padrão básico de mudanças fisiológicas, chamado de resposta ao estresse (ou apenas estresse). Contudo, é o estresse psicológico crônico o mais frequentemente ligado a problemas de saúde.

Hans Selye foi o primeiro a descrever esse conjunto de mudanças fisiológicas, na década de 50. Ele percebeu que, a curto prazo, a resposta ao estresse produz mudanças adaptativas que ajudam o indivíduo a responder ao estressor (através da mobilização de recursos energéticos, da inibição de inflamação e da resistência aumentada a infecções). A longo prazo, porém, ela produz mudanças maladaptativas.

A resposta ao estresse é devida à ativação de dois sistemas:

1. O sistema córtex supra-renal-adeno-hipófise: os estressores agem sobre circuitos neurais que estimulam a liberação do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) da hipófise anterior. Por sua vez, o ACTH desencadeia a liberação de glicocorticóides do córtex supra-renal. Ambos produzem muitos dos efeitos da resposta de estresse. Inclusive, o nível de glicocorticóides circulantes é a medida fisiológica do estresse utilizada com mais frequência.

2. O sistema nervoso simpático: este sistema também é ativado pelos estressores, aumentando a quantidade de epinefrina e norepinefrina liberadas pela medula supra-renal.

A intensidade da resposta de estresse não depende apenas do estressor e do indivíduo, mas também das estratégias que ele adota para enfrentá-lo. Ou seja, as atitudes, os pensamentos, os comportamentos influenciam diretamente o nível de estresse vivido pela pessoa. Isso é importantíssimo do ponto de vista da psicologia, porque significa que fatores psicológicos e físicos estão imbricados, que fatores psicológicos influenciam o estresse físico.

Estressores psicológicos muito comuns, como perder o emprego, preparar-se para uma prova, terminar um relacionamento, estão associados a níveis circulantes elevados de glicocorticóides, de epinefrina e de norepinefrina, e isso pode levar a problemas físicos. Por exemplo, o medo ou o estresse antes de uma cirurgia foram associados à recuperação mais lenta, incluindo atrasos na cura de ferimentos.

Muito interessante o estudo das relações entre estresse e saúde em animais. Machos de espécies sociais que formam hierarquias de dominação, experimentam com frequência ameaças de outros machos da mesma espécie. Quando essas ameaças tornam-se constantes, o resultado é o estresse por subordinação. No caso de roedores machos subordinados atacados continuamente por machos mais dominantes, nota-se que eles têm mais propensão a atacar jovens, testículos de tamanho reduzido, vidas mais curtas, níveis mais baixos de testosterona e mais altos de corticosterona (um glicocorticóide).

11 comentários:

Anônimo disse...

Lia,
como vai? Conheci seu blog hoje e simplesmente adorei, estou divulgando!!!
Gostaria de perguntar em relação aos pensamentos sabotadores e coisas relacionadas a compulsão alimentar: que tipo de medidas ou atitudes a gente poderia tomar para evitar aquela sensação de fome desesperadora? Eu, às vezes, acabei de almoçar, ou acabei dejantar, e tenho a sensação de fome ainda, tenhoc certeza de que não é fome real, mas a sensação está lá... e daí vem os sentimentos e pensamentos sabotadores e daí desanda tudo. Um grande xero de uma fã nordestina!

Jussara disse...

Qual a relação entre estresse e o sistema imunológico? Por que se fala que ele diminui nossa resistência a infecções? É verdade ou mito? Obrigada!

Lia disse...

Deadea, postarei uma resposta pra você, OK?

Que bom saber que você gostou do blog!

Um xero pra você também!

Lia disse...

Jussara: responderei sua pergunta num post, em breve!

Karina disse...

Tudo é tão bagunçado hoje em dia, parece que é o normal das coisas. Você acha que é possível uma qualidade de vida muito melhor do que a temos no mundo de hoje? Eu acho quase impossível.

Manu disse...

Também gostaria de dicas para controlar quando como sem fome nenhuma.

Jussara disse...

Essa coisa do estresse aumentar vontade de comer e desregular o corpo todo me fez entender a importância do psicólogo quando estamos tentando perder peso, ou controlar a compulsão.

Ju1986 disse...

É mesmo, Jussara. Se a gente não aprender a organizar o tempo e a pegar leve com as coisas, fica impossível controlar a comida!

Anônimo disse...

E dá pra não estressar numa cidade como são paulo? E dá pra não recorrer à comida num mundo cheio de escolhas tentadoras? Acho que todo mundo vai fazer a cirurgia da obesidade um dia na vida. Não tem genética magra que aguente.
Paulo

Birinha disse...

todo mundo na minha família é gordo. tenho alguma chance?

Birinha disse...

Será que não tem jeito mesmo? Socorro, Lia!!!!