Estive no ortopedista na semana passada, para levar alguns exames de coluna. Há algum tempo venho sentindo alguns incômodos relativos à postura, ao excesso de peso carregado, à falta de exercícios.
Quanto tempo passa, e a gente parece que não percebe. Carrega bolsas pesadas, vive com as costas arqueadas. E nem se questiona a respeito. Simplesmente porque nosso foco está em outras coisas, e nada está realmente doendo. Ainda.
A gente abusa. E o abuso é generalizado: não só no corpo, mas na cabeça e no coração.
Somos seres de somar. Acumuladores. Roupas, móveis, tarefas, cursos, aplicativos de Smartphone, palavras em nossos textos, amigos no Facebook. Não percebemos o tanto de "ruído" que acrescentamos em nossas vidas. De excessos que nem temos condições de dar conta, por uma questão de logística, ou de hardware!
Quanto mais coisas para fazer, menos tempo e paz para aproveitar o que realmente é prioritário ser feito. Quanto mais opções, menos escolhas conscientes somos capazes de fazer.
Tenho certeza de que todos nós carregamos muito mais do que precisamos. Gastamos uma energia sobrenatural com preocupações, desejos não realizados, autoexigências baseadas em expectativas sobre-humanas, frustrações. Muito do nosso tempo é gasto numa dimensão diferente, na qual lutamos para ser o que deveríamos ter sido mas não somos. Mais ricos, mais felizes, mais fortes, menos humanos.
Enquanto isso, o tempo passa, a gente passa.
A gente acha que a mochila cheia de pedras faz parte da gente. Que não é uma mochila, que é uma corcunda que está lá e pronto.
Subtrair não é nada fácil. Praticar o desapego exige prática. Por incrível que pareça, nos apegamos até ao que não serve, ou nos faz mal.
Pare um pouco, faça um alongamento. sinta tudo. O que é seu, o que é demais? O que não serve, pesa, entorta, sobrecarrega? O que realmente te faz feliz?
Que pedras você tirará da mochila?
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