quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PD em pesquisa sobre obesidade com Bolsa da FAPESP

17/11/2011
Agência FAPESP – O Laboratório de Sinalização Celular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) oferece posição de pós-doutoramento para condução de um Projeto de Pesquisa na área de “Imunologia-Inflamação em Obesidade”.

A oportunidade está vinculada ao Projeto Temático "Avaliação da atividade funcional do hipotálamo em pacientes obesos", coordenado pelo professor Licio Augusto Velloso.

O objetivo do projeto é avaliar a função hipotalâmica em pacientes obesos submetidos a cirurgia bariátrica. As avaliações serão realizadas por ressonância magnética em colaboração com um grupo de neurocientistas da mesma instituição.

Os candidatos devem ser médicos com CRM ativo, uma vez que precisarão realizar procedimentos médicos com os pacientes. Preferencialmente, os candidatos deverão ter formação em endocrinologia e doutorado em área compatível com o projeto.

Os candidatos deverão enviar curriculum vitae e pelo menos duas cartas de apresentação para o e-mail lavelloso.unicamp@gmail.com.

A data limite para apresentação de candidatura é 5 de dezembro de 2011. O resultado do processo seletivo será anunciado no dia 10 de dezembro de 2011.

A vaga está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP (no valor de R$ 5.333,40 mensais), Reserva Técnica e Auxílio Instalação. A Reserva Técnica de Bolsa de PD equivale a 15% do valor anual da bolsa e tem o objetivo de atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.

O bolsista de PD, caso resida em domicílio diferente e precise se mudar para a cidade onde se localiza a instituição sede da pesquisa, poderá ter direito a um Auxílio Instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Livro: O Estômago Possuído





Para demonstrar como o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) pode destruir o cotidiano de uma pessoa, os doutores Alfredo Halpern e Adriano Segal deram vida a Simone, uma jovem geniosa que sofre com crises de descontrole alimentar - o seu estômago está possuído. O drama que a personagem vive retrata a dificuldade enfrentada no dia a dia pelas pessoas que sofrem de desconfiança dos familiares, sobrepeso, desequilíbrio emocional, falta de confiança, entre outros. Para mudar de vida, Simone tem de ser disciplinada a fim de vencer a batalha pessoal e exorcizar de uma vez por todas esse inimigo íntimo. O livro conta com uma análise clínica do caso, em que são descritas orientações e esclarecimentos sobre o TCAP, com a finalidade de sempre se conseguir o diagnóstico correto.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O paciente não emagrece? Não é falta de força de vontade!

Qual o peso que nós, profissionais da saúde, em nossa prática, colocamos na educação e nas abordagens prescritivas, visando promover escolhas alimentares mais adequadas? O quanto acreditamos que a obesidade tem mais a ver com escolhas ruins em termos de alimentação e de estilo de vida do que com genética e outros fatores biológicos?

Ou seja, o quanto atribuímos a possibilidade de mudança de comportamento a uma escolha consciente do paciente?

Estudos mostram que nutricionistas e outros profissionais que tratam de pacientes obesos julgam a "falta de força de vontade" como o fator mais importante no fracasso dos planos dietéticos para perder peso. Esta concepção não apenas é contrária à compreensão atual da complexa neurobiologia do comportamento ingestivo, como também serve para estigmatizar e frustrar os pacientes.

O termo "escolha" implica decisão consciente; tem a conotação de que os seres humanos têm livre arbítrio para decidir entre comportamentos alternativos, independentemente das forças biológicas e ambientais. Em questões alimentares, isso não é de todo verdadeiro, ou seja, há muitos fatores ambientais e biológicos envolvidos na determinação do comportamento.

Bradley Applehaus e col. da Rush University Medical Centre, Chicago, publicaram recentemente no Journal of the American Dietetic Association, um artigo bastante interessante. Eles propõem que, ao invés de pensarmos a dieta saudável como uma questão de escolhas acertadas, seria melhor basearmos nossas estratégias de aconselhamento na compreensão das motivações do comportamento alimentar, particularmente nas questões da recompensa associada à comida (que envolve o complexo circuito mesolímbico do cérebro, como nas adicções), do controle inibitório (a motivação, a impulsividade e a auto-regulação inibitória são determinadas pela complexa neurobiologia do córtex pré-frontal) e do "desconto de tempo" (refere-se ao valor aumentado das recompensas imediatas quando em comparação àquelas que vêm em longo prazo).

O reconhecimento de como tais circuitos cerebrais interagem com (e como são responsivos a) situações e pistas ambientais podem talvez permitir estratégias de aconselhamento mais realísticas e efetivas.

No artigo, os autores dão vários exemplos de possíveis estratégias.

Por exemplo, a tendência que o circuito de recompensa do cérebro tem de incentivar a ingestão de comidas altamente saborosas pode ser frustrada eliminando tais alimentos do ambiente da pessoa e evitando a exposição aos mesmos através da adesão a listas de supermercado ou a compras online.

Da mesma forma, o controle inibitório pode ser facilitado evitando-se as situações desafiadoras (como buffets) e aquelas que enfraquecem tal controle (estresse).

A tendência a preferir recompensas imediatas pode ser combatida mudando o foco para metas mais a curto prazo, ao invés de metas a longo prazo.

Várias destas estratégias são já muito comuns nas recomendações dos profissionais de saúde quando se trata de ajudar o paciente na mudança de hábitos, mas o contexto e forma com que estas estratégias são apresentadas e discutidas com o paciente são muito diferentes.

Assim, ao invés de enxergar nesses comportamentos uma questão de escolha pessoal, o objetivo do aconselhamento, segundo os autores, é o de levar os pacientes a compreender o papel de sua predisposição genética e da neurobiologia, e a partir daí a necessidade de se adotar certas estratégias.

Desta forma, são explicados os comportamentos alimentares que promovem a obesidade sem invocar falhas de caráter (como a falta de força de vontade, por exemplo), e são enfatizados os processos que conferem vulnerabilidade ao excesso alimentar num ambiente "obesogênico", evitando a criação do estigma.

Do ponto de vista do profissional, muda-se de uma estratégia que enfatiza ajudar o paciente a fazer decisões difíceis,  mas necessárias à perda de peso, para outra em que se ajuda o paciente a minimizar o número de escolhas difíceis que encontram.

Será que a mudança proposta na estratégia realmente produz resultados melhores? Cabe experimentar! De qualquer forma, gosto de como os autores reconhecem o papel efetivo da biologia. Também gosto de como levantam a questão de que conceitos simplistas como os de "escolha pessoal" e de "força de vontade" estão muito longe de funcionar como estratégias efetivas.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Linhas de comparação: onde me situo?

Apresentarei aqui uma adaptação de um método muito interessante, que é utilizado no Centro de Terapia Cognitiva da Califórnia para ajudar o paciente a ter uma percepção mais realista de si mesmo, de seus problemas, além de melhorar sua autoavaliação. Tenho usado esse exercício no consultório, e tenho tido ótimos resultados.


Trata-se de construir linhas de comparação:

a pessoa deve situar-se num continuum, comparando-se...


...com os demais (por exemplo, com pessoas da própria idade);


...com momentos diferentes de sua vida(por exemplo, com o mês passado);


...com seus desejos (por exemplo, com uma situação ideal ou com um objetivo);

etc.

Pode-se escolher os mais diversos aspectos da personalidade, da aparência, do comportamento... enfim!


Essas pontuações comparativas ajudam a pessoa a sair de uma visão de mundo "tudo ou nada" - que mutas vezes acarreta uma visão de si mesmo como 'nada, um fracasso'. Relativiza-se a idéia de que 'sou pior que os outros', ou que 'todos os outros são capazes e eu não', ou ainda que 'sou a pessoa mais gorda/feia do mundo'.


Uso muitas vezes este exercício para trabalhar uma imagem corporal "distorcida".


A pessoa deve registrar, em diversos momentos do dia, uma nota para si em relação à proximidade de um ideal



Peço para que a pessoa situe cada um de seus amigos e membros de sua família numa escala de 0 a 10, em função de seu aspecto físico.


Peço também que se compare com os demais, dando também uma nota para si mesmo.

Por exemplo, a pessoa pode, todos os dias, pontuar sua aparência em função de como se sente e de como se vê, comparando-se com:


a) o dia anterior,

b) seus amigos,

c) sua família.


Pode perceber que nem sempre se vê da mesma forma, que sua imagem corporal depende do humor, enfim...

Bacana, né?